O Grupo de Trabalho (GT) Energia da ABRAFE promoveu, no dia 17 de junho, mais uma reunião virtual voltada à atualização do cenário do setor elétrico e à troca de informações estratégicas entre suas associadas. O encontro reuniu representantes de empresas de ferroligas e silício metálico, além de especialistas convidados, e contou com apresentações de Jorge Luiz de Carvalho Brandão, da Lubra Consultoria e Flávia Silveira, da Bolt Energy.
Cenário eletroenergético e preços de energia
Abrindo a agenda do encontro, Jorge Brandão traçou um panorama detalhado da situação eletroenergética do Sistema Interligado Nacional (SIN), abordando as condições meteorológicas, os níveis de Energia Natural Afluente (ENA) e Energia Armazenada (EAR), além das projeções de preços de energia e os efeitos da geração intermitente na operação do sistema.
Segundo Brandão, o país atravessa um período de transição climática — da fase de El Niño para uma condição de neutralidade —, o que tem favorecido as precipitações em determinadas regiões, especialmente no Sul. Ainda assim, a ENA permanece abaixo da Média de Longo Termo (MLT) em todos os submercados. Esse contexto, aliado ao comportamento contido da carga, tem contribuído para a estabilidade do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), sem previsão de elevação significativa no curto prazo.
O especialista também ressaltou a importância da flexibilidade do parque hidrelétrico brasileiro na compensação das oscilações das fontes renováveis, como a solar e a eólica. Por outro lado, alertou para o provável aumento dos encargos setoriais em função do despacho de usinas térmicas a gás natural liquefeito (GNL), previsto para o segundo semestre.
Impacto da Medida Provisória 1300
Na sequência, Flávia Silveira apresentou a atuação da Bolt Energy e os benefícios da autoprodução de energia — pauta que ganhou destaque frente às mudanças propostas pela Medida Provisória 1300. A MP, que trata de temas como justiça tarifária, abertura de mercado e reequilíbrio econômico-financeiro do setor elétrico, foi alvo de críticas por parte dos participantes.
Tanto Brandão quanto Flávia Silveira manifestaram preocupação com a proposta de abertura de mercado para consumidores de baixa tensão sem o devido planejamento, além das restrições aos descontos concedidos a autoprodutores, o que pode comprometer projetos em curso e inibir novos investimentos.
Bruno Parreiras reforçou a importância de a ABRAFE acompanhar de perto a tramitação da MP e mobilizar as associadas para atuação junto ao Congresso Nacional.
Outro ponto sensível debatido foi a possibilidade de aumento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), bem como a tentativa de cobrança de encargos sobre desvios positivos de autoprodução — medidas consideradas pelos especialistas como injustificadas e prejudiciais à competitividade do setor eletrointensivo.
Encerramento e Próximos Passos
O GT Energia da ABRAFE reafirmou seu compromisso com o acompanhamento contínuo da conjuntura energética e dos desdobramentos regulatórios relacionados à MP 1300. Novas reuniões estão previstas para aprofundar a análise dos temas mais críticos.
A recomendação aos associados é de atenção redobrada às oportunidades de autoprodução e aos contratos firmados no Ambiente de Contratação Livre (ACL), diante do atual cenário de incertezas regulatórias e variações nas projeções de preços.