O Grupo de Trabalho (GT) Ferroligas da ABRAFE realizou, no último dia 1º de julho, o 2º Meeting Online de 2025. O encontro reuniu profissionais e especialistas do setor para discutir os principais desafios e oportunidades dos sistemas de colheita florestal Cut-to-Length (CTL) e Full Tree.
A reunião foi conduzida por Emanuelly Magalhães, Coordenadora Operacional do GT Ferroligas, e pelo Prof. Sebastião Valverde, Líder Técnico do grupo. A apresentação técnica ficou a cargo do Prof. Bruno Schettini, com participação da Prof. Angélica de Cássia Carneiro e representantes das empresas associadas.
Estudo técnico e principais pontos discutidos
O Prof. Bruno Schettini apresentou um estudo comparativo entre os dois sistemas de colheita, destacando diferenças operacionais, desafios de planejamento, custos envolvidos e impactos na qualidade da madeira e na brotação.
Segundo ele, o sistema CTL — que realiza o descascamento e o secionamento da madeira diretamente no campo — exige maior número de máquinas, peças e manutenção, além de uma equipe mais qualificada, especialmente operadores e mecânicos. Schettini também ressaltou a importância de uma silvicultura bem planejada e de inventários florestais precisos para evitar gargalos operacionais.
Em termos de produtividade, o sistema Full Tree, operado com Feller Buncher, pode atingir até 120 m³/hora. Já o CTL, operado pelo Harvester, tem produtividade entre 20 e 25 m³/hora, o que eleva os custos de aquisição e manutenção de equipamentos no segundo sistema.
Outro destaque foi o debate sobre o impacto da qualidade da madeira, colhida por cada sistema. O CTL se mostrou vantajoso para indústrias de celulose e carvão, ao reduzir impurezas como areia, pedras e cascas soltas. No entanto, o alto custo operacional ainda representa um obstáculo para sua adoção em algumas operações. “A madeira mais cara é aquela que não chega à fábrica”, alertou Schettini, enfatizando a necessidade de equilibrar custo, estrutura e demanda.
Relatos e experiências do setor
Durante a reunião, Hudson Monteiro compartilhou a experiência da Valoreec com o sistema CTL, utilizado entre 2007 e 2009, destacando que, apesar da promessa de maior qualidade, a diferença no rendimento do carvão produzido não justificou os custos elevados, levando a empresa a descontinuar a prática.
Em contraponto, a Prof. Angélica de Cássia Carneiro ressaltou ganhos relevantes na qualidade do carvão com o CTL, como menor teor de fósforo, redução de cinzas e maior resistência. Ela acrescentou que 75% da casca é descartada antes da entrada da madeira no forno, o que reforça a importância de uma colheita limpa para otimizar o desempenho industrial.
Samuel Castro acrescentou benefícios observados, como maior sobrevivência dos brotos, aumento no volume de massa enfornada e ganhos logísticos no transporte da madeira colhida via CTL.
Qualidade versus custo e a questão da brotação
Um dos pontos centrais da discussão foi a percepção da indústria sobre a diferença de qualidade proporcionada pelo CTL e se ela é suficiente para justificar os custos adicionais. Emílio Pavão questionou o impacto na brotação, ao que Schettini respondeu que há diferenças significativas entre os sistemas e se comprometeu a compartilhar dados de pesquisa sobre o tema com o grupo.
Encerramento
O 2º Meeting Online do GT Ferroligas reforçou a relevância do debate técnico entre empresas e especialistas na busca por alternativas de manejo florestal que conciliem custo, produtividade e qualidade. A ABRAFE segue promovendo o intercâmbio técnico entre suas associadas, por meio de encontros como este, que fortalecem e modernizam a cadeia produtiva de ferroligas e silício metálico no Brasil.