A ABRAFE — Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas e de Silício Metálico — manifesta sua profunda preocupação diante dos recentes anúncios do governo dos Estados Unidos sobre o aumento tarifário aplicado a produtos brasileiros.
O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) uma ordem executiva que estabelece uma tarifa total de 50% sobre determinados produtos importados do Brasil. A medida representa a aplicação de uma tarifa adicional de 40% sobre a alíquota de 10% já vigente, com entrada em vigor prevista para sete dias após sua publicação. Embora produtos como silício metálico, ferro-nióbio (FeNb) e ferro-níquel (FeNi) tenham sido incluídos entre as exceções, diversas ferroligas estratégicas — como ferrossilício (FeSi), ferro-cromo (FeCr), ferro-manganês (FeMn), ferro-sílico-manganês (FeSiMn) e cálcio-silício (CaSi) — não foram contempladas.
O Brasil exerce papel estratégico no abastecimento dos Estados Unidos com ferroligas e silício metálico — insumos essenciais à indústria de base americana.
Em 2024, as exportações brasileiras desses produtos ao mercado norte-americano totalizaram 191 mil toneladas anuais, com valor FOB de aproximadamente US$ 600 milhões.
Participações relevantes do Brasil nas importações americanas:
39% do silício metálico com pureza superior a 99%;
58% do silício metálico com pureza inferior a 99%;
60% do cálcio-silício (CaSi);
33% do ferro-cromo de médio carbono (FeCr MC);
22% do ferrossilício (FeSi).
Além disso, o Brasil fornece volumes expressivos de FeCr, FeMn, FeNi e FeNb. Esses volumes representam cerca de 11% das importações totais dos EUA desses insumos. Medidas tarifárias unilaterais colocam em risco essa integração produtiva e ameaçam cadeias industriais estratégicas dos setores siderúrgico, automotivo, eletrônico, energético e de tecnologias emergentes.
A ABRAFE defende um ambiente comercial estável, previsível e baseado em regras claras — que promova a eficiência, a sustentabilidade e a cooperação entre nações parceiras.
Diante de tensões comerciais, acreditamos que a melhor resposta não é a retaliação, mas o diálogo. Reforçamos, portanto, a importância de priorizar as vias diplomáticas e institucionais, em busca de soluções equilibradas que preservem os interesses do setor produtivo nacional e assegurem a previsibilidade necessária ao ambiente de negócios.
Seguiremos atuando em defesa da competitividade, da transparência e do fortalecimento da indústria nacional — com equilíbrio, responsabilidade e espírito de cooperação.
ABRAFE — Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas e de Silício Metálico
30 de julho de 2025